A banda de symphonic Death Doom Dimension Doom lançou seu mais recente trabalho intitulado “Prime Directive” com temas direcionado ao Sci-Fi em uma ótima produção musical e vem conquistando os admiradores do estilo, vamos conversar com Fernando Nahtaivel, que é um músico bem ativo no cenário musical extremo.
Conte-nos como foi essa reunião com músicos experientes para a gravação do álbum?
Fernando Nahtaivel – A ideia começou em 2019, quando convidei a Larissa para cantar em uma música de meu projeto industrial chamado Nahtaivel. O resultado ficou tão bom que resolvi fazer um novo projeto, contando com a Larissa como vocalista. Pensei em convidar o Hernan também para tocar o baixo, já que a décadas admiro o talento dele e sempre quis fazer algo em conjunto. Também convidei um amigo guitarrista para participar, mas na época ele estava com vários outros compromissos. Comecei a pensar em outros nomes para a guitarra, mas todos estavam bem ocupados. Assim surgiu a ideia de ao invés de ter apenas um guitarrista, convidar um guitarrista para cada música, assim eu poderia trabalhar com várias pessoas nesse projeto, ao mesmo tempo que otimizaria o tempo para receber as faixas de guitarra.
Prime Directive tem um direcionamento temático voltado ao Sci-fi, como foi a escolha dessa temática?
Fernando Nahtaivel – Eu amo sci-fi. Livros, filmes, séries. Adoro Asimov, Arthur C. Clarke, Star Trek, Battlestar Galactica, etc… Então desde o início eu quis fazer este projeto voltado a esse tema. E musicalmente também quis usar primariamente sintetizadores analógicos, o que também soa bem sci-fi.
Larissa Pires tem um vocal poderoso, um dos melhores do estilo, quais vocais femininas no estilo que mais te agrada?
Fernando Nahtaivel – Antes de conhecer pessoalmente a Larissa eu fui ver um show dela em Curitiba, acredito que da banda Retaliação Infernal. Quando começou o show e ela começou a cantar imediatamente fiquei impressionado. É surreal o poder da voz gutural que ela possui. Algum tempo depois eu a convidei para cantar em uma das minhas músicas e felizmente ela aceitou. Era uma música bem lenta, totalmente diferente de tudo o que ela tinha feito, mas o vocal dela encaixou perfeitamente. Eu concordo plenamente que ela tem um dos melhores vocais do estilo. Sobre vocalistas femininas do estilo, gosto muito da Karyn Crisis (Crisis), Hécate (Miasthenia) e Tati Klingel (Mercy Killing). Em outros estilos, venero o trabalho da Alice Glass no Crystal Castles. É doentio, violento e totalmente original.
Ano passado o álbum “Absolute Elsewhere” do Blood Incantation foi considerado pela crítica como o melhor álbum internacional, concorda? Qual sua opinião sobre este trabalho?
Fernando Nahtaivel – Gostei muito desse trabalho. Adoro death metal e também rock progressivo. Eles fizeram uma ótima fusão. Em um próximo trabalho deles gostaria que estes dois elementos estivessem ainda mais misturados, pois apesar de ter gostado muito, por vezes parece que eles dão uma pausa no trecho death metal, para tocar um trecho prog, e vice versa. Acho que é possível fazer ainda mais entrelaçado.
Você participou de diversas bandas de vários estilos dentro do metal, qual seria o estilo dentro do metal que mais te agrada trabalhar?
Fernando Nahtaivel – Independente do estilo, o que mais gosto é quando posso trabalhar com sintetizadores analógicos ou digitais, e não preciso ficar preso em timbres batidos de órgãos de igreja, corais e violinos. Entendo quando é fundamental para banda usar algo um pouco mais clichê, mas para mim é um pouco entediante. Gosto mais de trabalhar com timbres menos usuais no metal. No Fohatt por exemplo (uma das bandas que faço parte), eu preferencialmente uso timbres que eram disponíveis em equipamentos dos anos 70, sintetizadores analógicos e teclados electro-mecânicos. No último álbum do Insane Devotion, Tormento, fizemos a mesma coisa. Uma decisão consciente de não usar timbres de teclados usados por 99% das bandas de metal.
Prime Directive saiu pela Eclipsys Lunarys Productions, como foi esse contato para o lançamento?
Fernando Nahtaivel – Há algum tempo eu acompanho o ótimo trabalho que o Leandro faz com a Eclipsys Lunarys Prod. Uma produtora que tem o Doom como estilo preferencial. Então quando produzi esse trabalho com o Dimension Doom a Eclipsys Lunarys foi minha primeira opção. Felizmente ele topou fazermos essa parceria e estamos tendo ótimos resultados.
A crítica tem sido bastante positiva para esse trabalho do Dimension Doom, já era esperado isso por parte da banda?
Fernando Nahtaivel – Eu sempre faço um trabalho que eu gostaria de escutar. Quando outras pessoas também gostam é um sentimento muito bom, é um grande bônus. Mas quando faço algo não é esperando um retorno positivo ou negativo do trabalho, porque faço inicialmente para eu mesmo escutar. Isso é uma grande vantagem de estar no nível underground que estou, pois não dependo financeiramente de meu trabalho musical. Se essa fosse minha fonte de renda, a resposta do público e crítica seria uma grande parte do pensamento ao fazer as músicas.
Tiveram várias participações de excelentes guitarristas nesse trabalho, como foi a ideia e escolha desses músicos?
Fernando Nahtaivel – Eu escolhi nomes de guitarristas que sou amigo, que admiro o trabalho, e gostaria de trabalhar junto. O Bruno Schmidt faz riffs brutais no Divulsor. O Rodrigo Bueno trabalhamos juntos antes, quando gravei os teclados pro Lacrima Mortis e ficou excelente. Gerson Watanabe é meu amigo desde os anos 90, conheço e admiro seus trabalhos desde o Fornication. Tony Fontana é um amigo recente, conheci ele no Fohatt, e rapidamente fiquei impressionado com sua arte e técnica. E quem já viu o Aly Fioren tocar sabe do que ele é capaz, guitarrista muito virtuoso, seu trabalho com o Sad Theory é fenomenal.
E Em relação a shows, como andam as agendas?
Fernando Nahtaivel – Não temos planos para shows. Até mesmo porque moramos em lugares diferentes. Eu no nordeste, o restante da banda no sul. A logística seria muito complicada. Financeiramente inviável.
O que podemos esperar para os próximos trabalhos do Dimension Doom?
Fernando Nahtaivel – Eu já tenho 3 músicas novas compostas, e tenho vários nomes de guitarristas que pretendo convidar. Ainda não falei com eles, mas logo farei o convite, espero que aceitem. Quero nesse ano compor inteiramente o novo álbum, se possível começar a gravar, e no segundo semestre do ano que vem lançá-lo. Tenho até um título já em mente.
Agradeço muito pela entrevista, deixe suas palavras finais para todos os admiradores do Dimension Doom?
Fernando Nahtaivel – Muito obrigado Alan. Valeu mesmo por nos dar este espaço na Lucifer Rex Mag. Obrigado a todas as pessoas que escutaram o Dimension Doom.