Letícia nasceu em São Carlos, interior de SP onde mora até o momento presente. Desde criança, sempre teve uma ligação muito forte com a música e principalmente com o canto.
Letícia: “Não consigo definir o momento em que isso aconteceu, parece que já estava enraizada em mim. Qualquer oportunidade que eu tivesse em participar de grupos de canto (corais), ensaios abertos, organização de eventos e, até mesmo produção em rádio, eu abraçava.”
Começou desde cedo a seguir as influências do seu pai e seu irmão que sempre gostaram das bandas clássicas de Rock, Heavy Metal, Punk, Pós Punk e New Wave. Além disso, seu irmão foi músico profissional por muito tempo, dava aulas práticas e tinha um mini estúdio.
Letícia: “Lembro que minha mãe me proibia de chegar perto dos instrumentos do meu irmão e dos vinis dele e do meu pai, mas a primeira vez que consegui uma brecha foi quando tinha por volta de 5 anos: vi o Eddie naquela capa dupla do Iron Maiden no ao vivo “Real Live One”, e também vi o Angus com aqueles chifres diabólicos em Highway to Hell. Já que não tinha meus próprios vinis e não tinha um CD Player na época, pegava algumas fitas e passava o dia todo procurando por uma estação de rádio pra gravar as músicas que eu gostasse.”
Não apenas ouvia Rock e depois música extrema… antes disso ouvia muito Rap também. Morando em um bairro e estudando em uma escola periférica, sua realidade pedia para ouvir essas denúncias sonoras, já que elas estavam presentes na sua vivência. Por volta dos seus 13 anos, veio a sede de sons mais extremos, o que ela conhecia até então não a saciava. Foi quando começou a se afogar no Hardcore, Thrash Metal, Crossover, Death Metal, Crust… até que chegou ao Grindcore.
Letícia: “ Eu acredito que ter curtido muito Rap durante a fase da pré-adolescência me influenciou a gostar principalmente de Punk e Grindcore justamente por causa desse cunho político presente nos sons, então, para mim, foi uma união: o que mais me agradava sonoramente + minha realidade.”
Seu início nesta descoberta da música extrema foi bem solitário, as meninas que ela conhecia não tinham o mesmo interesse.
Letícia: “Minhas amigas na época gostavam de outras coisas, mas acabavam me acompanhando nos eventos e eu ficava idealizando conhecer outras mulheres com os mesmos interesses para montar uma banda.”
No meio deste caminho, tentou aprender guitarra (falhou), conseguiu tocar alguns sons na bateria, fez suas primeiras discotecagens, mas não conseguia se desprender da vontade de ser vocalista. Em 2013, começou a procurar outras mulheres que tivessem interesse em tocar um som mais extremo.
Letícia: “Confesso que procurei muito e tive dificuldade para encontrar outras minas que curtissem e que queriam fazer um som, nem precisava saber tocar de imediato, nós poderíamos começar juntas.’’
Mas, foi no início de 2014, por volta dos seus 20 anos, que finalmente surgiu a S.U.C, em atividade desde então – misturando Death Metal com Grindcore. A primeira formação contava Letícia nos vocais, Alice na guitarra, Egiliane no baixo e Guilherme na bateria (procuraram, mas não encontram uma mulher baterista na região).
Além de ser vocalista, Letícia também dar suporte em eventos (direta e indiretamente) e organiza transportes coletivos para shows
Letícia: “ (algumas das nossas “excursões extremas” rs), uma das minhas atividades favoritas é a discotecagem de Pós Punk, Gótico e Dark Wave. A discotecagem foi uma descoberta mais tardia, iniciada em 2013 e que não costumo fazer com tanta frequência, mas é tão satisfatória quando consigo participar que parece preencher um espaço vazio da minha existência.
Em geral, como mulher, acho que o maior desafio é participar de forma ativa sem uma pessoa deslegitimando o que fazemos apenas por sermos mulheres. Muitas pessoas desacreditam ou até se surpreendem por acharem que não somos capazes de pertencermos ao som mais barulhento e extremo. A reação de surpresa que vejo em algumas pessoas quando subimos no palco e começamos a tocar já indica que ainda faltam mulheres.
Tenho a convicção de que devemos questionar todo e qualquer espaço que fazemos parte pra tentar corrigir nossas atitudes preconceituosas, rever os nossos privilégios, ter mais consciência de classe também – é um passo para começarmos a rever nossos próprios privilégios e como as pessoas são afetadas nessa estrutura – e, principalmente, devemos colocar em prática o que falamos nos palcos, gritamos e acreditamos para termos cada vez mais mulheres e mais tantas outras pessoas ativas somando nessa frente.’’
Frase: “Encarar a realidade deve ser a nossa inquietação, tentar derrubar muralhas é nosso desafio diário.”
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BANDCAMP : S.U.C DeathGrind