Gravado no final de 2024 e lançado em janeiro de 2025, “Precipice” é o primeiro álbum completo do Asaradel a vir à público. Formada em 1991, a banda gravou pelo menos 7 demos, dois EPs e lançou ainda duas compilações, antes de lançar esse seu primeiro Full-lenght.
Desde o início, seu mentor, Getúlio Silenzio, permaneceu à frente do projeto e agora uniu suas forças a Cesar Severus, Cecilia Katrini e M. Kult para retomar a caminhada de um dos maiores ícones da música arrastada do underground nacional.
Precipice apresenta nove faixas em quase 50 minutos, nos quais faixas antigas e já tornadas clássicas como “Avernus” e “Thelema Abbey” se juntam a novas canções que compõem toda uma jornada à beira do abismo, por isso o título do álbum não poderia ser mais adequado. Cesar Severus e Cecília Katrini contribuíram com novas composições da mesma forma que ofereceram novas leituras às faixas antigas. A capa assinada por Cecília Katrini é uma obra de arte que apresenta muito bem o conceito do álbum e abrilhanta ainda mais uma jornada repleta de vertigem, desespero, escuridão e poesia. Por sua vez, Cesar Severus preparou a arte gráfica vertendo à mão as letras das canções, os detalhes de gravação e os créditos, resultando num material de excelente qualidade especialmente na versão limitada em digipack que nos chegou à mão.
A proposta da banda pode ser definida como Funeral Doom Metal ou como Necro Doom Metal, uma expressão que tenta dar conta da originalidade de sua abordagem. De fato, seria precipitado identificar sua sonoridade com a de bandas como Skepticism, Funeral e Bell Witch. As comparações são dispensáveis pois as semelhanças ficam apenas na superfície. Talvez os ouvidos mais acostumados ao Death Doom Metal contemporâneo sintam algum desconforto por certa ausência daquele peso característico de gravações desse gênero, mas nos parece que o resultado final correspondeu à intenção de seus criadores em reforçar o aspecto poético e atmosférico. Embora M. Kult tenha assumido a bateria na apresentação que a banda fez do álbum em show realizado na Necropole Hall em 25/01/2025 (veja abaixo), o trabalho de bateria não foi creditado na gravação do álbum sugerindo que tenha sido usada uma bateria eletrônica. Talvez tenha faltado justamente isso para dar maior peso e organicidade ao álbum e transformado esse ótimo trabalho em algo ainda mais excelente. Espera-se que o projeto siga explorando os abismos da alma.