UMBRIVAGO SOMBRIO - Umbrivago Sombrio

Umbrivago Sombrio é uma banda relativamente nova, porém seus músicos são extremamente experientes e muito ativos na cena underground, integrando bandas como Cursed Christ, Ravendark´s Monarchal Canticle, Ritual Murder e outras como o baterista Holokhaosto (Caio Bildner), que conheço há algumas décadas e se mostra um desses integrantes superativos, vide a quantidade de bandas que o mesmo integra.

Este álbum é o segundo da banda Umbrivago Sombrio que, em poucos anos, já conseguiu escrever seu nome na história do underground e agora o que temos aqui é um disco que nos remete imediatamente a era dourado do Balck Metal dos anos noventa, a segunda escola do Metal Negro que deu moldes mais ferozes ao estilo. Fica muito clara as influências das bandas noventistas, principalmente na produção sonora do disco e na execução.

Todas as músicas seguem uma linha sonora muito linear, o que soa inteligente da parte deles, deixando fluir naturalmente os contratempos e, por vezes, desencontros, que dão um tom despretensioso ao álbum, justamente a atmosfera criada pelas bandas escandinavas que não se preocupavam com “perfeccionismo” e sim espontaneidade e essa essência a Umbrivago capturou perfeitamente neste registro.

No geral as letras são em português, porém em alguns momentos também aparecem letras em inglês, provavelmente uma preocupação com a fluidez dos sons que se abrem através de uma intro que faz jus ao nome da banda e do álbum… verdadeiramente sombrio! E somos tomados de assalto com a ferocidade da Umbrivago Sombrio através de seu primeiro hino “Uivador… Guardião Infernal”, típico som que narrei acima, toda aquela atmosfera dos anos 1990 estão aqui nesta primeira chaga aberta, sobre um lobo uivando na floresta escura… não tem como escapar, também na temática, das influências das bandas do início dos anos noventa vindos do norte europeu.

O fator cantar em português também nos remonta as bandas da mesma época, porém brasileiras que deram um molde muito especial ao método de cantar em português e não soar estranho, neste quesito, a Umbrivago Sombrio trabalhou muito bem suas músicas, pois o encaixe ficou muito bem-feito como em “Ancião… Os Antigos” quarta faixa do álbum que ganhou também um videoclipe lançado há mais ou menos dois meses atrás, qual vocês poderão conferir no link no final da resenha.

Outra faixa que me chamou a atenção foi a faixa título “Umbrivago Sombrio” que conta com a participação da soprano Frau Modresnasch (Aka – Ikikunari da banda Akuã), suas incursões são interessantes, apesar de, a princípio, soarem destoantes porque fazem dueto com a voz rasgada de Umbra Tenebrae e aí acontece os tais desencontros que citei no inicio da matéria, porém são aquelas impressões de primeira escuta e, quem sabe, depois que escutei mais vezes e assimilei melhor a intenção e intensidade das vozes na música, o que soou estranho, ficou acomodado de alguma maneira. Fato é que a voz deu um ar diferente para a linearidade da banda, pelo inusitado, o inesperado já que, eu mesmo disse, o som da banda não prima por requinte ou sofisticação sonora, eles buscam execuções bem diretas e, muitas vezes descompromissadas com o “perfeccionismo”. Frau aparece em outras faixas como “Oculto” (faixa oito) recitando e num dos covers que a Umbrivago Sombrio fez da banda Grand Belial´s Key – Shemhamforash (música extraída de sua primeira demo “Goat of a Thousand Young” lançada em 1992), o que comprova a influência noventista da Umbrivago Sombrio.

A outra faixa cover é a “After the Sepulture” lançada também em 1992 pela banda Samael em seu segundo álbum “Blood Ritual”, ou seja, dois grandes clássicos do underground mundial. Outro fator muito especial do álbum da Umbrivago é o material gráfico que foi muito bem produzido, contendo um slipcase brilhante, a capa muito bem desenhada pelo artista Alan Luiz Rodrigues, encarte de 12 páginas com fotos muito legais, bem na linha tradicional do Black Metal de qualquer época, coisa de gente que sabe o que está fazendo, as letras das músicas, inclusive dos covers, ficha técnica e tudo que um bom material precisa ter para o que hoje vem se tornando apenas material especial para colecionador vide a quantidade de CDs lançados nos últimos anos: tiragens de 500, 300 cópias…

Track List: