ETERNAL SACRIFICE – Aihah Gibor Leohlam Satan (Of the Eleven Qliphotic Spheres, the black flames of the abyss, the wrathful chaos)

Single - 29 de Fevereiro de 2024

Single

Depois de nos brindar com um dos melhores lançamentos de 2023, o álbum “Inclinavit Se Ante Altare Diabolvs Est Scriptor… Regere Sinister”, os sacerdotes negros do ETERNAL SACRIFICE continuam sua senda, dedicada ao obscuro e ao oculto, com o lançamento do single “Aihah Gibor Leohlam Satan (Of the Eleven Qliphotic Spheres, the black flames of the abyss, the wrathful chaos)”.

Como já era de se esperar, em se tratando do ETERNAL SACRIFICE, o processo todo foi milimetricamente planejado, desde a concepção artística e gráfica que adorna o single, até a profundidade do conceito lírico e a complexidade da composição musical.

Começando pelo aspecto visual, eu realmente recomendo que, além da contemplação da arte que adorna o single, sejam realizadas visitas às redes sociais da banda e que toda concepção do trabalho encarnado pela modelo Thulê Montes seja devidamente apreciado.

A arte, aliás, se encontra intrinsecamente ligada ao conceito expresso na letra da musica. Assim como o álbum anterior – acima citado -, a letra da musica que compõe este single acaba por criar uma sensação, diria eu, cinematográfica. Um conto, talvez. O fato é que, ao acompanhar o andamento da musica e a letra, pode-se imaginar perfeitamente o ritual da qual a figura feminina, representada na arte gráfica, seria parte integrante e fundamental.

Especificamente sobre o conteúdo da letra, apresentarei uma contextualização – extremamente rasa, devido à quantidade de estudo que um melhor entendimento de tudo ali exposto demanda – buscando facilitar um melhor entendimento da integralidade entre letra, imagens e progressões/andamentos que compõe o todo do single.

O titulo e várias das expressões presentes na letra referem-se ao aspecto inverso do que, na Kaballah, se conhece por arvore da vida e arvore da morte. Em poucas palavras, no paraíso haveria a arvore da vida, da qual Adão e Eva poderiam comer e a arvore do conhecimento, da qual seriam proibidos de se aproximar. A arvore do conhecimento é relacionada também como arvore da morte, pois o conhecimento afastaria de deus e conduziria à morte. Os termos para os opostos seriam Sephirot, a mão direita e Qliphot, a mão esquerda. Ambos seriam compostos por 11 esferas, regidas por forças diferentes. O caminho da mão esquerda conduz por uma senda de desafios e perspectivas, relacionadas com determinadas forças e entes. E é essa ritualista que a letra materializa.

Contempladas a arte e a lírica, vamos agora a música. Com quase 09 minutos de duração, harmônica, melódica e atmosfericamente, os temas e os andamentos se concatenam perfeitamente com a narrativa apresentada. São alternâncias de andamentos que remetem tanto à conjuração, quanto à execução da ritualística:

– Durante as duas primeiras estrofes podemos sentir claramente o inicio e a preparação do ritual.

– A terceira e quarta estrofes, mais brutais e rápidas, indicam toda a emoção envolvida no momento que precede a concretização do ritual.

– Então, magistralmente emolduradas por uma atmosfera de teclados, sente-se o ritual acontecendo...A conjuração, especificamente é emocionante, lindo trabalho de guitarras, então, iniciando novamente sobre os teclado, o sacrifício é consumado.

Todo esse contexto acontece num conjunto de andamentos que conjuga o mais tradicional Black Metal, com passagens sinfônicas e épicas, caminhando inclusive pelo o campo do metal mais tradicional. Mais do que o blastbeat, a guitarra tremolada e os vocais viscerais, na minha concepção, o que torna o Black Metal uma forma musical única, é o objetivo intrínseco de criar atmosferas que se ajustem ao sentimento e ao lirismo da cada música. Mais do que o peso e a brutalidade é a capacidade de transportar o ouvinte pra dentro da narrativa. E o ETERNAL SACRIFICE faz isso com maestria.

Confiram: